Longe de ter conquistado o grande público, a novela “Amor e Revolução”, do SBT, exibe nesta quarta-feira uma cena inédita na TV brasileira: um beijo quente, um “beijaço”, entre duas mulheres, as personagens Marcela e Marina.
Em conversa com o blog, Tiago Santiago conta que vai ouvir a opinião do público, em pesquisas na internet, sobre o beijo das duas personagens. “O romance entre elas só vai se desenvolver se o público torcer por elas”, conta. E acrescenta: “De acordo com a repercussão, é possível fazer também um beijo gay entre dois homens, os personagens Duarte (Carlos Thiré) e Jeová (Lui Mendes).”
O autor de “Amor e Revolução” diz que chegou a propor à Record, durante a exibição de “Mutantes”, uma cena de beijo gay, mas a emissora não aprovou. “Nunca falei publicamente sobre isso”, disse.
Abaixo, a íntegra da entrevista com Tiago Santiago, feita por telefone, na manhã desta segunda-feira.
BEIJO GAY
Novela é um espelho da realidade. “Amor e Revolução” tem um tom realista. Homossexuais existem na realidade. É legítimo, por isso, mostrar um beijo entre duas mulheres.
Só uma personagem, Marcela (Luciana Vendramini), é lésbica. A outra, Marina (Gisele Tigre), não é. O romance entre elas só vai se desenvolver se o público torcer por elas. Pretendemos fazer pesquisas e votações interativas na internet. Usei este recurso em “Prova de Amor” (exibida pela Record, em 2005) e deu muito certo.
Acho que existe este anseio da sociedade e, em particular, da comunidade GLTB. Um anseio antigo. Gloria Perez e Aguinaldo Silva tentaram na Globo. Eu mesmo cheguei a propor à Record em “Mutantes”, mas não apoiaram. Só que, diferentemente da Gloria Perez, nunca falei publicamente sobre a cena vem em bom momento, dias depois de o STF ter aprovado os direitos de casais gays. Foi um passo à frente na luta contra a homofobia.
SILVIO SANTOS
No SBT não tive nenhuma manifestação contrária. Silvio Santos deixa claro que temos total liberdade. O comentário dele para Maisa (“a novela precisa de mais amor e menos revolução”) foi mais em tom de pergunta. E depois, quando me encontrou no SBT, ele disse: “Pelo amor de Deus, escreva as novela do jeito que você quiser”. Foi só uma opinião dele.
No SBT não tive nenhuma manifestação contrária. Silvio Santos deixa claro que temos total liberdade. O comentário dele para Maisa (“a novela precisa de mais amor e menos revolução”) foi mais em tom de pergunta. E depois, quando me encontrou no SBT, ele disse: “Pelo amor de Deus, escreva as novela do jeito que você quiser”. Foi só uma opinião dele.
De acordo com a repercussão, é possível fazer também um beijo gay entre dois homens, os personagens Duarte (Carlos Thiré) e Jeová (Lui Mendes).
MENOS TORTURA
Diminui, sim, as cenas de tortura. Acompanhando o Ibope no minuto a minuto, notei que havia uma fuga de público nas cenas de tortura. Eu achava, antes, que o público já estava acostumado com cenas de violência dos filmes de Hollywood e de outras novelas. Mas como “Amor e Revolução” é baseada em fatos reais, as pessoas ficam mais incomodadas. Diminuímos bem o sofrimento dos torturados.
Diminui, sim, as cenas de tortura. Acompanhando o Ibope no minuto a minuto, notei que havia uma fuga de público nas cenas de tortura. Eu achava, antes, que o público já estava acostumado com cenas de violência dos filmes de Hollywood e de outras novelas. Mas como “Amor e Revolução” é baseada em fatos reais, as pessoas ficam mais incomodadas. Diminuímos bem o sofrimento dos torturados.
EXCESSO DE DIDATISMO
O didatismo tem dois lados. Uma parte do público desconhece totalmente o que houve naquela época, o que é ato-institucional, UNE. E tem gente, das classes AB, que fica incomodada com o tom didático. Os primeiros 50 capítulos estão carregados de didatismo, mas vai melhorar.
O didatismo tem dois lados. Uma parte do público desconhece totalmente o que houve naquela época, o que é ato-institucional, UNE. E tem gente, das classes AB, que fica incomodada com o tom didático. Os primeiros 50 capítulos estão carregados de didatismo, mas vai melhorar.
IBOPE BAIXO
A novela estreou contra o último mês de uma novela, “Ribeirão do Tempo”, que estava há quase um ano em cartaz. Isso foi um fator forte. Outro fator: a audiência média do SBT é mais baixa mesmo. Mas está em tendência de alta.
A novela estreou contra o último mês de uma novela, “Ribeirão do Tempo”, que estava há quase um ano em cartaz. Isso foi um fator forte. Outro fator: a audiência média do SBT é mais baixa mesmo. Mas está em tendência de alta.
O apoio da comunidade GLBT pode ajudar a novela. Também acho que, com a chegada do inverno, aumenta o número de aparelhos ligados, o que também pode nos favorecer. Vai ter uma curva ascendente e vai terminar, sim, com dois dígitos (acima de 10% de audiência).
Fonte: Maurício Stycer (UOL)
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